Entre, fique à vontade, peça um café, desenrole sua palavra. Leia, desleia, ouça minha voz na minha palavra e a faça conversar com a sua. Entre, fique à vontade...

-Aline Cunha-

29 de novembro de 2010

Meu cantinho




Entre, 




Fique à vontade





Peça um café





Desenrole sua palavra





Leia, desleia





Ouça minha voz na minha palavra





E a faça conversar com a sua 





Entre, 





Fique à vontade.




(Aline Cunha)

22 de novembro de 2010

Vida-pétala



Despetalando os minutos
Onde as sombras se misturam
E de repente um banho de sol
A esquentar rumores de uma brisa 
Leve

Sol de tantos verões
E de tantas questões
Levem

Pétalas secas e dissolutas
Envolvem-me em ideias absurdas
Reguem

Pétala de vida, vida-pétala
Despedace enquanto há tempo para ser livre
E, segue.


(Aline Cunha)

20 de novembro de 2010

Desconforto social




Em tempos de cólera,
Absurda sedução às mazelas
Cria-se um elo com a falta de razão
Seguindo por um caminho obscuro
Sociedade hipócrita, ingênua
Qualquer que seja o seu suspiro
Nunca saia do limite plauzível
Sou mais que se pensa
Sou noite suspensa
A madrugada do perigo insolente
Durma abraçada com uma voz ausente
E faça da rua sua aliada amante
Eu sou uma droga, um vício...uma loucura
Siga os passos de um andarilho
Veja a diferença de uma sociedade livre
E de uma sociedade aprisionada
Viciada,
E mal encarada.


(Aline Cunha)

19 de novembro de 2010

Essencial



Essência é a diferença
De laço, de passo.

Essência é ter a diferença
No seu espaço, no seu compasso.

Essência é ter virtude
Algo que não se discute

Essência é saber viver
Sem mais querer

Essência é saber o limite
E a que se permite

Essência é ser
E não apenas ter

Essência é o que tanta gente busca
E não sabe o quanto preocupa

Essência é a vontade que cada um tem
De ser livre...

Essência é ter dentro de si:
Sensibilidade


(Aline Cunha)

18 de novembro de 2010

Rodovida





Ando em diversas ruas
À procura de um novo rumo
Sem contar as horas e nem as razões
Passeio entre as rodovias tristes
Sendo a mais triste a que carrego no meu peito

Sou quilômetros rodados e imaginários
Ando sem saber onde estou e a qualquer momento posso me perder
Sento na calçada vejo os corredores da tristeza se entrelaçando
Há mais de duas ruas, me vi assim só.

Estou em todos os passos, mas por onde passo não sinto o que faço.
Apenas desfaço da sua realidade nas rodas vagas da estrada
Perdi o compasso e a velocidade que tinha atingido

Sou até a estrada perfeita...
Asfaltada mas desamparada
Fui onde você estava....

Tantas vezes e tantas épocas
Sendo sua estrada


(Aline Cunha)

17 de novembro de 2010



Qual o papel da literatura?
 


    Não diria um papel, diria um pano de fundo. A literatura com toda a sua conveniência e persuasão faz com que eu enxergue um mundo presente no meu “eu”, eu este que não é inventado e nem tão pouco imaginado. 


    O poder de uma boa palavra seja ela com uma dose literária ou não, nos remete a uma viagem para um mundo obscuro onde a sua luz é encontrada nos diversos labirintos de uma boa literatura.
    Em se tratando de vida real e de vida-palavra (muitas vezes, vidas que se confundem), temos histórias, verdades e inverdades, fantasias e sonhos. Quando nos aproximamos de um livro por ora temos a impressão de estar vivendo uma vida, que é nossa e não meras páginas. E por qual motivo temos essa sensação? Alguém aí já ouviu falar em catarse?
    Digo pano de fundo, pois perpassam leituras em meu cotidiano (talvez nem poderia dizer cotidiano, pois acabo transmitindo a ideia de rotina, e nunca uma palavra me faria cair na rotina), quando acordo tenho a sensação de que começo a escrever uma nova página do meu livro da vida. Poesias, crônicas, novelas (no papel), contos sempre estão presentes em umas das páginas desse livro: o meu.
   Às vezes tenho raiva dessa tal literatura porque ela me apaixona e não me deixa dormir, sintomas de qualquer paixão. Choro, rio e tenho outras sensações que só ela me proporciona.
   Tenho a vida num papel. A literatura também. Ou melhor, tenho um lápis, um papel e uma borracha que nem sempre uso.

(Aline Cunha)